quarta-feira, 6 de abril de 2016

Doença de Chagas

O que é Doença de Chagas?

Doença de Chagas é uma inflamação causada por um parasita encontrado em fezes de insetos. É bastante comum em países da América do Sul, América Central e no México. Alguns casos da doença já foram identificados nos Estados Unidos também.
A Doença de Chagas também é conhecida como tripanossomíase americana e chaguismo. Recebeu esse nome graças ao seu descobridor, o médico brasileiro Carlos Chagas – indicado quatro vezes ao Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia.
No Brasil, cerca de três milhões de pessoas estão infectadas com a Doença de Chagas. A boa notícia é que esse número corresponde somente a pessoas que foram infectadas no passado e que continuam com o tratamento da doença. Em 2006, o Brasil recebeu o certificado internacional de interrupção da transmissão da doença. Isso se deu graças a ações sistematizadas e bem-sucedidas de controle químico instituídas a partir de 1975, época em que a área endêmica da Doença de Chagas cobria 18 estados nacionais e mais de 2.200 municípios. Hoje, a transmissão da doença não se dá mais por meio do contato direto do parasita, mas principalmente pelo contato indireto – por meio da ingestão de alimentos contaminados com fezes do parasita ou com o inseto que contenha este parasita, por exemplo.
Causas

A Doença de Chagas é transmitida pelo Trypanosoma cruzi, um parasita da mesma família do tripanosoma africano, responsável pela doença do sono. O parasita pode ser encontrado nas fezes de alguns insetos, principalmente um conhecido como barbeiro, e é um dos maiores problemas de saúde na América do Sul, América Central e também do México. Devido à imigração, a doença também afeta pessoas em outros continentes atualmente.
É possível contaminar-se também com a doença a partir da ingestão de alimentos crus e contaminados com fezes do parasita, da transfusão de sangue ou transplantes de órgãos contaminados com a doença, do contato direto com o parasita e com outros animais que estejam infectados. A Doença de Chagas também pode ser congênita, no caso de mães infectadas que transmitem esse mal para o filho durante a gravidez.

Fatores de risco

Os principais fatores de risco para a doença de Chagas são:
  • Habitar em uma cabana onde insetos transmissores vivam nas paredes
  • Morar na América do Sul, América Central ou no México
  • Viver sob condições extremas de pobreza
  • Receber transfusão de sangue ou um transplante de órgão de uma pessoa portadora do parasita, mas que não tenha manifestado a Doença de Chagas.
Importante: não é comum que turistas contraiam a doença em meio à sua viagem por uma das áreas consideradas de risco, justamente porque eles costumam hospedar-se em hotéis e não têm contato com o parasita. No entanto, pessoas que viajam para a região Norte do Brasil devem tomar cuidado ao ingerir alimentos como caldo de cana e açaí, pois em alguns casos o parasita pode ter sido moído juntamente com as plantas que dão origem a esses alimentos.
Sintomas de Doença de Chagas

A doença de Chagas tem dois estágios: agudo e crônico. A fase aguda pode apresentar sintomas moderados ou nenhum sintoma. Entre os principais sintomas estão:
  • Febre
  • Mal-estar
  • Inchaço de um olho
  • Inchaço e vermelhidão no local da picada do inseto
  • Fadiga
  • Irritação sobre a pele
  • Dores no corpo
  • Dor de cabeça
  • Náusea, diarreia ou vômito
  • Surgimento de nódulos
  • Aumento do tamanho do fígado e do baço.
Os sintomas deste estágio da Doença de Chagas podem desaparecer sozinhos. Se eles persistirem e não forem tratados, a doença pode evoluir para sua fase crônica, mas somente após a fase de remissão. Podem-se passar anos até que outros sintomas apareçam. Quando os sintomas finalmente se desenvolverem, eles podem incluir:
  • Constipação
  • Problemas digestivos
  • Dor no abdômen
  • Dificuldades para engolir
  • Batimentos cardíacos irregulares


  • Diagnóstico de Doença de Chagas

  • O primeiro passo para o diagnóstico é o exame físico e um questionamento sobre histórico médico e possíveis fatores que podem ter desencadeado a Doença de Chagas. Um exame de físico pode confirmar o diagnóstico. Mas para saber em que fase a doença está exatamente, outros exames deverão ser solicitados. Entre eles estão:
  • Eletrocardiograma (ECG)
  • Raio-X do tórax e do abdômen
  • Ecocardiograma

  • Tratamento de Doença de Chagas

O principal objetivo do tratamento da Doença de Chagas é matar o parasita causador, reduzir e aliviar os sintomas.
Se aparecerem os sintomas característicos da doença, tanto a fase aguda quanto a crônica necessitarão de tratamento.
Para a fase aguda, alguns medicamentos devidamente prescritos pelo médico podem ajudar. O mesmo não ocorre quando a doença já evoluiu para a fase crônica, em que remédios não bastam para o tratamento, mas podem ser usados por pessoas abaixo dos 50 anos para impedir que a doença progrida.
Outros tratamentos poderão se fazer necessários, dependendo dos sintomas apresentados pelo paciente, como problemas cardiovasculares ou digestivos. O médico deve dar a devida orientação para cada caso específico.

Complicações possíveis

Se a Doença de Chagas evoluir da fase aguda para a fase crônica, diversos problemas cardíacos e digestivos podem ser desencadeados, como:
  • Insuficiência cardíaca  
  • Aumento do tamanho do esôfago (megaesôfago)
  • Aumento do tamanho do cólon (megacólon)
  • Cardiomiopatia
  • Desnutrição


  • Expectativas

Cerca de 30% das pessoas infectadas que não se tratarem desenvolverão a fase crônica da Doença de Chagas. Pode levar mais de 20 anos desde o momento inicial da infecção até o desenvolvimento de problemas cardíacos ou digestivos características da fase sintomática da doença.
Alterações no batimento cardíaco (arritmia e taquicardia ventricular, por exemplo) podem causar morte súbita. No entanto, essa complicação geralmente ocorre vários anos depois do desenvolvimento da insuficiência cardíaca.

Prevenção

Controle de insetos com inseticidas e habitações com menos propensão de ter populações de insetos ajudam a controlar a disseminação da doença. Ainda não existe uma vacina disponível para a prevenção da Doença de Chagas.
Os bancos de sangue na América Central e do Sul agora realizam testes em doadores para verificar a exposição ao parasita. Quando o resultado do teste é positivo, o sangue é descartado.




Reino Protoctista (antigo protista)

O reino dos protoctistas (antes denominados protistas) é muito variado. Têm em comum o fato de serem eucariontes e não apresentarem tecidos. A maioria tem apenas uma célula, embora nesse reino existam algas com mais de 50 metros.
Inicialmente, os protozoários foram classificados no reino animal, e as algas no reino vegetal. Atualmente, aceita-se que existem muitos grupos diferentes de algas e de protozoários e que eles não mantêm uma relação especial com os animais nem com as plantas.

Características dos protoctistas

Os protoctistas englobam grupos de seres vivos tão diferentes entre si que, numa análise mais superficial, fica difícil entender imediatamente que pertençam a um mesmo reino.
Tradicionalmente, os protoctistas são divididos em algas e protozoários. Os protozoários são os protoctistas heterótrofos, e as algas são os autótrofos. Além disso, entre as algas há unicelulares e pluricelulares.

PROTOZOÁRIOS

São todos unicelulares e, heterótrofos, Alguns deles são predadores que se alimentam de bactériasou de outros protoctistas. Outros protozoários são parasitas, Muitos deles podem se mover livremente para procurar seu alimento.

Ciliados

São recobertos de cílios, prolongamentos pequenos com os quais se deslocam. Em sua maioria, são predadores; entre eles, estão as vorticelas e os paramécios.
Ciliados

Flagelados

Caracterizam-se por apresenta flagelos, prolongamentos longos e delgados com os quais se deslocam. Alguns são parasitas, como o tripanossomo, causador da doença de Chagas.

Rizópodes

Também são conhecidos como amebas. Têm a propriedade de deformar a periferia de sua célula e modificar sua forma. Emitem, dessa maneira, expansões temporárias chamadas pseudópodes, com os quais se deslocam.

Esporozoários

Não têm orgânulos para sua locomoção. Todos são parasitas, como os representantes do gênero Plasmodium, causadores da malária.

Radiolários

Embora pertençam ao grupo dos rizópodes, merecem uma menção à parte. Caracterizam-se por fabricar um esqueleto de sílica com formas muito variadas.

ALGAS
Sua característica comum é que são autótrofas fotossintetizantes e não tem tecidos diferenciados. A imensa maioria é aquática.
As algas unicelulares costumam flutuar livremente e formam o fitoplâncton do qual se alimentam os protozoários e muitos animais aquáticos.
As algas pluricelulares normalmente fixam-se ao fundo. Embora existam muitos tipos de algas, estão listados aqui alguns dos mais interessantes.
Diatomáceas
São algas unicelulares que ficam no interior de um estojo que elas próprias fabricam com sílica. Vivem no mar e em água doce, quando morrem, suas carapaças vão se acumulando no fundo e podem formar camadas com vários metros de espessura.

Rodófitas

A maioria das rodófitas é pluricelular,. Para a realização de fotossíntese, contam com a presença de clorofila e diversos pigmentos que lhes conferem teor avermelhada, sendo, por isso, denominadas algas vermelhas.

Feófitas

Também são chamadas algas pardas, como os sargaços e os kelps. São todas pluricelulares e chegam a alcançar mais de 50 metros em algumas espécies. A maioria é marinha.

Clorófitas

São as algas verdes. Vivem em água doce, mo mar e até em solo úmido ou sobre cascas de árvores. Muitas são unicelulares, algumas formam associações de indivíduos unicelulares chamadas colônias, como a Volvox.
Também é muito frequente que formem filamentos visíveis a olho nu, como ocorre com a Spirogyra. Formam também talos com diversas formas e tamanhos.

Por: Renan Bardine




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Fontes:


Bacterias do bem: como fazer iogurte em casa?

BACTÉRIAS “DO BEM”: FAZENDO IOGURTE


Quem disse que todas as bactérias nos fazem mal?

Os lactobacilos de iogurte, assim como os organismos de forma geral, se reproduzem em condições ambientais ótimas – como disponibilidade de alimentos e temperaturas ideais. 

Desta forma, podemos utilizar tal propriedade destes bacilos para fazer iogurte e trabalhar com os alunos os procariontes – demonstrando de forma deliciosa que nem toda bactéria é patogênica.

Materiais:

2L de leite
Fogão (ou fogareiro), para aquecimento do leite
1 pote de iogurte natural (ou lactobacilos vivos, encontrados em lojas de produtos naturais)
Recipientes para o iogurte – recomenda-se vasilhas de vidro que possam ser tapadas com pratos, para isolar a mistura do ambiente e para manter a temperatura por tempo maior.
Panos de mesmo número que tigelas e pratos.

Procedimentos:

Aquecer o leite até uma temperatura de aproximadamente 40° (temperatura em que não se tenha mais condições de colocar na panela de leite o dedo LIMPO e permanecer por mais de 3 segundos).

Após o aquecimento, colocar o leite em vasilhas apropriadas e, em cada uma delas, inserir o iogurte (ou lactobacilos). Tapá-las e enrolar sobre cada uma delas um pano e deixá-la em repouso até o outro dia. 

Porque o leite fervido, misturado ao iogurte, virou também iogurte?


As bactérias benéficas Streptococcus thermophilus Lactobacilos bulgaricussão as responsáveis por tal “transformação”, uma vez que se reproduziram em razão das ótimas condições de temperatura (+-40ºC) e disponibilidade de alimento. Estas se alimentaram da lactose presente no leite, eliminando ácido lático – responsável pela transformação propriamente dita e se reproduzindo assexuadamente.

Assim, o iogurte – ou a coalhada, dependendo do tipo de lactobacilo usado – possui as mesmas substâncias do leite, mas com uma proporção menor de lactose. Estes organismos, uma vez ingeridos, acidificam o intestino, impedindo a reprodução e superpopulação de bactérias nocivas e facilitam a absorção de nutrientes pelo órgão.

Por Mariana Araguaia
Equipe Brasil Escola


Sífilis

O que é Sífilis?

Sífilis é uma doença sexualmente transmissível (DST) causada pela bactéria Treponema pallidum.
A sífilis é um mal silencioso e requer cuidados. Após a infecção inicial, a bactéria pode permanecer no corpo da pessoa por décadas para só depois manifestar-se novamente.

Causas

A sífilis é causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum, que é geralmente transmitida via contato sexual e que entra no corpo por meio de pequenos cortes presentes na pele ou por membranas mucosas.
Só é contagiosa nos estágios primário e secundário e, às vezes, durante o início do período latente. Raramente, a doença pode ser transmitida pelo beijo, mas também pode ser congênita, sendo passada de mãe para filho durante a gravidez ou parto.
Uma vez curada, a sífilis não pode reaparecer – a não ser que a pessoa seja reinfectada por alguém que esteja contaminado.

Fatores de risco

Alguns fatores são considerados de risco para contrair sífilis. Confira:
  • Manter relações sexuais desprotegidas com uma ou mais pessoas
  • Estar infectado com o vírus do HIV, causador da Aids.
  • Sintomas de Sífilis
A sífilis desenvolve-se em diferentes estágios, e os sintomas variam conforme a doença evolui. No entanto, as fases podem se sobrepor umas às outras. Os sintomas, portanto, podem seguir ou não uma ordem determinada. Geralmente, a doença evolui pelos seguintes estágios: primário, secundário, latente e terciário.

Sífilis primária

A sífilis primária é o primeiro estágio. Cerca de duas a três semanas após o contágio, formam-se feridas indolores (cancros) no local da infecção. Não é possível observar as feridas ou qualquer sintoma, principalmente se as feridas estiverem situadas no reto ou no colo do útero. As feridas desaparecem em cerca de quatro a seis semanas depois, mesmo sem tratamento. A bactéria torna-se dormente (inativa) no organismo nesse estágio.

Sífilis secundária

A sífilis secundária acontece cerca de duas a oito semanas após as primeiras feridas se formarem. Aproximadamente 33% daqueles que não trataram a sífilis primária desenvolvem o segundo estágio. Aqui, o paciente pode apresentar dores musculares, febre, dor de garganta e dificuldade para deglutir. Esses sintomas geralmente somem sem tratamento e, mais uma vez, a bactéria fica inativa no organismo.

Sífilis latente

Esse é o período correspondente ao estágio inativo da sífilis, em que não há sintomas. Esse estágio pode perdurar por anos sem que a pessoa sinta nada. A doença pode nunca mais se manifestar no organismo, mas pode ser que ela se desenvolva para o próximo estágio, o terciário – e mais grave de todos.

Sífilis terciária

Este é o estágio final da sífilis. A infecção se espalha para áreas como cérebro, sistema nervoso, pele, ossos, articulações, olhos, artérias, fígado e até para o coração. Aproximadamente 15 a 30% das pessoas infectadas não tratadas desenvolvem o estágio terciário da doença.

Sífilis congênita

A sífilis pode, ainda, ser congênita. Nela, a mãe infectada transmite a doença para o bebê, seja durante a gravidez, por meio da placenta, seja na hora do parto. A maioria dos bebês que nasce infectado não apresenta nenhum sintoma da doença. No entanto, alguns podem apresentar rachaduras nas palmas das mãos e nas solas dos pés. Mais tarde, a criança pode desenvolver sintomas mais graves, como surdez e deformidades nos dentes.
Diagnóstico de Sífilis
Os sintomas da sífilis costumam ser muito similares a sintomas de outras doenças, então o médico deve realizar exames específicos para conseguir fazer o diagnóstico. Veja alguns exames que o especialista poderá solicitar:
  • Exame de sangue: bastante comum, pode identificar anticorpos no sangue que estão combatendo alguma infecção. Eles permanecem no sangue por anos, enquanto a bactéria estiver instalada no organismo, por isso o exame pode ser feito também para diagnosticar infecções antigas, cuja transmissão aconteceu há muito tempo.
  • Culta de bactérias: o médico pode optar também por recolher amostras de uma secreção expelida por alguma ferida presente no corpo, que será analisada em microscópio. Este tipo de teste só pode ser realizado durante os dois primeiros estágios da sífilis, cujos sintomas envolvem o surgimento de feridas. A análise dessas substâncias pode indicar a presença da bactéria no organismo do paciente.
  • Punção lombar: se há a suspeita de que o paciente está com complicações neurológicas causadas pela sífilis, o médico poderá coletar uma pequena amostra do líquido céfalo-raquidiano. As amostras são enviadas para laboratório e analisadas.
Se você foi diagnosticado com sífilis, é importante notificar ao seu parceiro ou parceira para que ele ou ela possa também realizar os exames necessários para o diagnóstico. Se der positivo, quanto antes dar início ao tratamento melhor.

Tratamento de Sífilis

Quando diagnosticada precocemente, a sífilis não costuma causar maiores danos à saúde e o paciente costuma ser curado rapidamente.
O tratamento preferido dos médicos é feito à base de penicilina, um antibiótico comprovadamente eficaz contra a bactéria causadora da doença. Uma única injeção de penicilina já é o bastante para impedir a progressão da doença, principalmente se ela for aplicada no primeiro ano após a infecção. Se não, o paciente poderá precisar de mais de uma injeção.
A penicilina, aliás, é o único tratamento recomendado por especialistas para mulheres grávidas diagnosticadas com sífilis. Mesmo que o tratamento nesses casos seja bem-sucedido, o bebê também deverá ser tratado com antibióticos depois de nascer.
Durante o primeiro dia de tratamento, o paciente poderá sentir aquilo que os médicos chamam de reação de Jarisch-Herxheimer, que inclui uma série de sintomas, como febre, calafrios, náuseas, dores nas articulações e dor de cabeça. A boa notícia é que esses sintomas não costumam demorar mais do que um dia.
Durante o tratamento, o paciente deverá fazer visitas regulares ao médico para garantir que está tudo bem.
É necessária a realização de exames de sangue de acompanhamento após três, seis, 12 e 24 meses para garantir que não há mais infecção. O médico poderá solicitar, também, que o paciente faça um exame específico para HIV, para garantir que o paciente não desenvolverá complicações mais graves por causa do vírus da Aids. A atividade sexual deve ser evitada até que o segundo exame mostre que a infecção foi curada. A sífilis é extremamente contagiosa por meio do contato sexual nos estágios primário e secundário.
Seres Procarióticos:

Bactérias

As bactérias são organismos unicelulares com tamanho microscópico, medindo cerca de 0,2 a 1,5 μm de comprimento, sendo em média dez vezes menores do que uma célula eucarionte.
Normalmente possuem uma rígida parede celular que envolve externamente a membrana plasmática, constituída por uma trama de peptídeos (proteínas) interligados a polissacarídeos (açúcares), formando um complexo denominado de pepdidoglicnas. Essa substância é responsável pela forma, proteção física e osmótica do organismo.
Algumas espécies de bactérias possuem uma cápsula uniforme, espessa e viscosa, atribuindo uma proteção extra contra a penetração de vírus (bacteriófagos), resistência à ofensiva dos glóbulos brancos (fagocitose), além de proporcionar adesão quando conjuntas em colônia.
Considerando o aspecto estrutural geral, uma bactéria é basicamente constituída por uma membrana plasmática. Podendo essa invaginar, formando uma dobra (mesossomo) concentrada em enzimas respiratórias.
Mergulhados no hialoplasma existem: um único filamento de DNA circular, contendo todas as informações (genes) necessárias ao funcionamento biológico bacteriano; vários ribossomos dispersos no hialoplasma; e grãos de glicogênio, utilizados como reservatório de nutrientes.
O material genético localiza-se normalmente em uma região chamada de nucleoide, havendo, em alguns casos, moléculas menores de DNA (os plasmídeos), contendo genes que desempenham funções diversas, por exemplo: resistência a antibióticos e ação tóxica injetada em bactérias competidoras, induzindo a degradação (morte).
As locomoções de muitas bactérias ocorrem por batimento flagelar, longos filamentos formados por fibrila, um arranjo estrutural diferenciado dos flagelos de eucariotos. Outros anexos como os pelos ou fimbrias também podem auxiliar no deslocamento, intercâmbio (conjugação) de material genético entre bactérias ou até mesmo facilitar a aderência e infecção a um hospedeiro.
De acordo com a forma e afinidade colonial das bactérias, elas podem ser classificadas em: cocos, bacilos, espirilo, vibriões, estafilococos, sarcina, estreptobacilos, diplococos ou estreptococos.
Por Krukemberghe Fonseca
Graduado em Biologia
Fica a dica!
Vídeo aula sobre o Reino monera Prof. Jubilut:





Fontes:

Caso suspeito de Zita em Poa (G1.com)

Caso suspeito de zika em Porto Alegre motiva aplicação de inseticida

Operação é realizada em parte do bairro Cristo Redentor.
Paciente com histórico de viagem a Recife vive na região


Parte do bairro Cristo Redentor, em Porto Alegre, recebe agentes da Coordenadoria Geral de Vigilância em Saúde na tarde desta quarta-feira (10) para aplicação de inseticida após a notificação de uma suspeita de infecção por zika vírus em paciente que vive nessa região e tem histórico de viagem a Recife (PE).

A aplicação de inseticida ocorre no trecho da Rua Sapé, entre ruas Marcos Moreira e Cipó. O objetivo é diminuir a população de mosquitos adultos, reduzindo, por consequência, o risco de transmissão viral na região.
A Vigilância em Saúde recomenda que moradores da região façam vistoria criteriosa de criadouros do mosquito e eliminação dos mesmos, uso de repelente corporal e, no interior das residências, repelentes elétricos, de uso em tomadas. Uso de telas mosquiteiras também é indicado.
Diante de sintomas compatíveis com dengue, zika ou chikungunya, deve ser procurado atendimento médico.
RS registra primeiro caso importado de zika em 2016
No último dia 5 de fevereiro, a Secretaria Estadual da Saúde confirmou o primeiro caso se zika vírus no Rio Grande do Sul. Trata-se de uma mulher de 30 anos, moradora do bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre, que contraiu a doença fora do estado.
A mulher não é gestante e contraiu o vírus depois de passar as festas de fim de ano no Mato Grosso. Ela sentiu os sintomas da doença no dia 4 de janeiro, mas a confirmação saiu na noite de quinta (4).
Segundo o secretário estadual de Saúde João Gabbardo dos Reis, 40 casos de zika vírus eram  investigados no estado até a primeira semana de fevereiro, 11 deles em Porto Alegre. No entanto, como os exames que detectam a doença são feitos fora do estado, o resultado demora de 15 a 20 dias para sair.

Zika e microcefalia
Atualmente o Brasil enfrenta um surto de recém-nascidos com microcefalia, uma doença que não tem cura e causa uma má formação no cérebro, fazendo com que os bebês nasçam com a cabeça menor que o normal. As consequências são graves e permanentes para o desenvolvimento do individuo.

Não existe vacina para o zika vírus. O ideal é prevenir a proliferação do mosquito transmissor. O Aedes aegypti leva sete dias do ovo até o mosquito adulto. A água é o ambiente perfeito para a proliferação dos ovos. As fêmeas infectadas podem transmitir o vírus para cerca de 20% dos ovos. Por isso, para acabar com o mosquito é necessário atacar os criadouros.

Entrevista do Dr. Drauzio Varella com o Dr. Esper Kallás sobre as vacinas contra a AIDS

ENTREVISTA

VACINA CONTRA AIDS

Dr. Esper Kallás, médico infectologista da Universidade Federal de São Paulo e do Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo
A epidemia de Aids sofreu impacto importante com o aparecimento dos medicamentos específicos contra o vírus HIV. Isso deu uma falsa sensação de segurança para muita gente, porque a doença continua sendo um problema muito sério no mundo de hoje, apesar de existir tratamento.
Segundo os cálculos da Organização Mundial de Saúde, atualmente existem 42 milhões de pessoas infectadas pelo vírus HIV, 95% das quais vivem em países pobres ou em desenvolvimento. A própria OMS estima que, no Brasil, das 600 mil pessoas infectadas apenas 200 mil saibam que são portadoras do vírus. As outras 400 mil, desconhecendo sua situação, estariam mantendo relações sexuais desprotegidas e dividindo agulhas com usuários de drogas injetáveis.
Como se vê, as dimensões do problema são absurdamente grandes e não há o menor sinal de que a epidemia esteja sendo controlada no mundo. Por isso, a necessidade urgente de desenvolver uma vacina que proteja a pessoa não infectada contra o vírus HIV, coisa que infelizmente, nesses 20 anos de epidemia, não fomos capazes de fazer.
Muitos acham que a descoberta dessa vacina está cercada de dificuldades tecnológicas enormes que dificilmente serão transpostas a curto prazo. Entre os pesquisadores, há os mais pessimistas que estão certos de que a vacina nunca será obtida e os mais otimistas que acreditam ser possível obtê-la num médio prazo.
ESTRATÉGIA DE AÇÃO DO HIV
Drauzio – Em termos bem simples, você poderia explicar a estratégia que o HIV usa para ludibriar a resposta imunológica do organismo, já que saber isso é fundamental para entender como funcionaria a vacina contra a Aids?
Esper Kallás – O principal artifício que o vírus utiliza é infectar e destruir a célula que coordena as defesas do organismo. Trata-se de um linfócito, o CD-4, um tipo de glóbulo branco encontrado no sangue e em outros tecidos. Essa célula funciona como o general do exército encarregado da defesa do corpo, ou seja, do sistema imunológico. Quando o vírus destrói grande quantidade dessas células, desorienta todo o processo de coordenação e faz com que elas se dissipem com o tempo até ficarem tão fracas que o indivíduo começa a ter doenças oportunistas.
Drauzio – É importante lembrar que os vírus não conseguem multiplicar-se a não ser infectando a célula de um organismo superior, ou seja, infectando uma bactéria, a célula de um mamífero ou de um vegetal, por exemplo, e que cada um deles tem predileção por determinado grupo de células. Os do resfriado preferem as da mucosa nasal, outros têm predileção pelas dos músculos ou pelas células do fígado, etc. No caso do HIV, a preferência é pela célula que comanda a resposta imunológica. Essa é sua estratégia de sobrevivência.
Esper Kallás – Ele consegue também fazer com que a pessoa produza anticorpos. Na verdade, todas as pessoas infectadas pelo HIV possuem grande quantidade de anticorpos. No entanto, esses anticorpos não são capazes de destruir, de eliminar o vírus que ludibria todo o sistema de defesa. Isso não acontece com outras doenças. Por exemplo, se a pessoa quer ficar protegida contra a hepatite B, toma a vacina, produz anticorpos e não tem a doença. No caso do HIV, não adianta estimular a produção de anticorpos, porque eles não conseguem conter a infecção.
OBSTÁCULOS PARA A OBTENÇÃO DA VACINA
Drauzio – A epidemia da Aids já existe há mais de 20 anos. Quais são as dificuldades práticas para a obtenção da vacina?
Esper Kallás – Primeiro obstáculo: o HIV é diferente dos demais vírus porque ataca uma parte muito sensível do nosso sistema de defesa e, quando faz isso, consegue minar nossa capacidade de induzir uma resposta eficaz contra ele.
Segundo obstáculo: no começo se achava que os princípios de proteção para o HIV seriam semelhantes aos de proteção contra doenças, como hepatite B ou poliomielite, por exemplo. Portanto, bastaria induzir a formação de anticorpos que o problema estaria resolvido. O tempo mostrou que estávamos enganados.
Passaram-se 20 anos, a vacina não apareceu e alguns, mais sarcásticos, dizem que por lobby da indústria. Não é isso. Na verdade, o vírus é muito mais capaz de escapar das defesas do que se imaginou. No entanto, nesse período de tempo, por causa da infecção do HIV e da necessidade de desvendar mecanismos orgânicos tão complexos, os estudos de imunologia, dos vírus e dos sistemas de defesa evoluíram muito.
Drauzio – ­Você não acha que uma das grandes dificuldades para desenvolver a vacina contra Aids esteja na falta de um modelo experimental? Na maioria das outras doenças, os estudos de laboratório podem ser conduzidos por meio da indução da doença em outros animais. No caso do HIV, vírus que infecta seres humanos, não se consegue reproduzir um modelo que sirva de base para estudo da doença humana?
Esper Kallás – Não há dúvida. Inclusive o modelo mais próximo a que se chegou foi em macacos, mas fazer pesquisa em macacos, além de muito difícil, é caríssimo. E tem mais: o vírus utilizado em macacos não é exatamente o HIV, é um pouco diferente. Existem alguns truques que são feitos em laboratório para conseguir provocar infecções parecidas com a que o HIV produz no homem, mas para estudar esses modelos o investimento é muito alto e nem sempre os resultados podem ser transpostos diretamente para os humanos.
Drauzio – Alguns desses estudos são conduzidos em chimpanzés e trabalhar com eles não é fácil. A começar pelo tamanho do animal. Depois, como são muito semelhantes aos homens, os pesquisadores se envolvem com eles, o que dificulta sobremaneira o trabalho.
Esper Kallás – Além disso, existem regras extremamente rigorosas que dificultam o trabalho com primatas, sejam eles chimpanzés, macacos rhesus, ou qualquer outro.
TESTE EM HUMANOS
Drauzio – Vamos imaginar que se tenha obtido uma determinada vacina contra Aids em laboratório e que seja preciso testá-la em seres humanos, porque não existe modelo experimental para ela. Quais são as dificuldades que encontram os pesquisadores para conduzir estudos que comprovem sua eficácia?
Esper Kallás – Vamos imaginar que tenhamos uma vacina desenvolvida em laboratório e que os experimentos, alguns em macacos, tenham provado que se trata da vacina ideal. No entanto, conseguir sua liberação para uso em humanos é extremamente difícil. Primeiro ponto: existem normas éticas e científicas muito rigorosas que regulamentam o estudo em humanos. É preciso dar todas as justificativas, mostrar todos os arrazoados e conferir o máximo de segurança possível para os participantes desse estudo. Se essa premissa não for atendida, o trabalho para por aí.
Segundo ponto: a situação hoje é muito diferente da que encontrou Pasteur, há quase dois séculos. Ele tinha desenvolvido uma vacina contra a raiva e aplicou-a numa criança que estava passando pela rua e foi mordida por um cachorro. Hoje não se concebe uma atitude como essa. Ela é inaceitável do ponto de vista ético.
ESTUDO EM TRÊS FASES
Drauzio – Existe algum protocolo que regule o teste de vacinas em humanos?
Esper Kallás – O estudo de vacinas em humanos precisa passar por três fases:
a)     Fase 1: testa-se num número limitado de pessoas se a vacina é bem tolerada, se induz resposta do organismo, se estimula o sistema imunológico. Testam-se doses diferentes pré-selecionadas nos estudos pré-clínicos em macacos. Essa fase demora no mínimo dois anos. Se deu tudo certo, se a vacina foi bem tolerada, a indução da resposta imunológica adequada e promissora e foi possível determinar a dose a ser administrada, passa-se para a fase seguinte.
b)     Fase 2: vamos imaginar que o estudo na fase 1 tenha sido feito com cem voluntários  e que haja um efeito colateral que se manifeste apenas em uma pessoa em cada mil. Cem voluntários não bastam para identificar essa associação. É necessário um número maior de participantes para localizar eventos colaterais mais raros e a vacina passa a ser testada em centenas e centenas ou milhares de pessoas durante mais alguns anos. Se foi bem tolerada, se induziu resposta imunológica com uma dose geralmente já escolhida e os resultados foram promissores, passamos para a fase 3.
c)      Fase 3: o propósito nessa fase é responder se, no caso do HIV, a vacina protege  contra a infecção ou contra o desenvolvimento de doenças naqueles que foram infectados pelo vírus. Só nesse momento iremos saber se a vacina é eficaz ou não. Para chegar a essa conclusão são avaliados sete, dez, quinze mil voluntários. Parte deles recebe a vacina, a outra recebe placebo e todos são acompanhados por algum tempo para saber se infectam ou não.
Durante todo o processo de pesquisa, nos deparamos com alguns problemas: não se pode de jeito nenhum deixar o voluntário expor-se a riscos; é inaceitável usar uma vacina que tenha a mais remota possibilidade de transmitir o HIV e infectar pessoas; e os participantes devem receber todas as orientações sobre como se proteger contra a exposição ao HIV.
Em hipótese nenhuma o vírus poderá ser inoculado na pessoa que foi vacinada (isso é coisa menghelliana), nem ouvir dizer que é para sair por aí tendo relações sem proteção. O respeito à norma ética é absoluto e o procedimento dos pesquisadores contradiz o objetivo da pesquisa que é descobrir se as pessoas se infectam ou não quando em contato com o vírus. Como se vê, conciliar as duas premissas é difícil e retarda o aparecimento da vacina.

Drauzio – Instruir os voluntários para não terem relações sexuais desprotegidas vai contra o interesse do estudo. Não adiantaria, por exemplo, vacinar as freiras enclausuradas de um convento como teste, porque elas, sem dúvida, não iriam infectar-se nunca. O ideal seria vacinar uma população de altíssimo risco para avaliar se a taxa de infecção cai, mas isso é inaceitável. Dizer – “Olhe, não sei se essa vacina funciona. Você tem que tomar cuidado e reduzir o risco de pegar HIV” – não interfere no resultado?
Esper Kallás – É claro que interfere, mas não se pode agir de forma diferente. Por isso, a coisa mais difícil no estudo final que avalia a eficácia da vacina é identificar o grupo de pessoas altamente expostas, aquelas que, se nada fosse feito, de 3% a 10% iriam infectar-se com o HIV no primeiro ano. As medidas de proteção reduzem o risco, mas não o anulam e é nesse resíduo populacional que a vacina mostrará se funciona ou não.
Drauzio – É uma tarefa absurda em termos de trabalho. Na fase 1, cem pessoas vão ser testadas para ver se suportam a vacina, qual a dose indicada, etc. Na fase 2, mais de mil participam para, por assim dizer, fazer uma sintonia fina da vacina. Por fim, um número enorme ajuda a verificar se a vacina tem eficácia para a proteção de pessoas não infectadas. Além disso, há um complicador bastante forte, ou seja, o tipo ou subtipo do HIV que existe no Brasil, por exemplo, que é diferente do que circula na África, na Ásia ou na América do Norte. Portanto, esses estudos precisam ser repetidos em diversos países para se ter certeza de que determinada vacina vai funcionar nos quatro cantos do mundo.
Esper Kallás – Por isso, em todos os estudos de vacina, é muito importante levar em consideração as diferenças regionais. Depois, é importante a participação de vários centros. Não se pode achar que uma vacina desenvolvida só nos Estados Unidos ou na França sirva para a população do Brasil, sem que tenhamos tido a oportunidade de participar do processo de desenvolvimento. Por isso, é fundamental a mobilização dos cientistas, das autoridades e principalmente das comunidades afetadas pela transmissão do vírus HIV. Todos precisam entender que essa participação faz parte de um processo natural pelo qual temos de passar para desenvolver uma vacina que funcione.
TRABALHO DE PESQUIISA NO BRASIL
Drauzio – Gostaria que você descrevesse o trabalho que você e seus colegas vêm fazendo na área de vacinas na Universidade Federal de São Paulo.
Esper Kallás – Desde 1999, estamos engajados em estudos para entender como funciona a resposta imunológica das pessoas e como elas se defendem contra o HIV aqui no Brasil. Procuramos determinar também qual o perfil do vírus no nosso País, uma vez que ele sofre alterações diferentes conforme a região do planeta. Além disso, nos interessa saber como é a defesa imunológica do brasileiro porque, com certeza, é diferente da dos americanos, franceses, tailandeses ou sul-africanos.
Durante esse período, estivemos nos preparando para fazer estudos com vacinas e recentemente obtivemos a aprovação para conduzir um estudo da fase 1 de um produto vacinal candidato que vai ser testado em diversos países tentando responder a questão da variabilidade de resposta da vacina ao redor do globo.
Drauzio – Essa vacina é preparada com vírus morto, com vírus atenuado ou com um fragmento do vírus?
Esper Kallás – Por causa do princípio de segurança que já mencionamos, essa vacina é preparada com fragmento do vírus. Portanto, não há a menor possibilidade de a pessoa receber a vacina e infectar-se pelo HIV ou desenvolver Aids. Essa fração foi escolhida por ser um dos pedaços do vírus que é mais constante, mais conservado e que sofre menos variações ou mutações, uma das características desse vírus. Utilizar uma região do vírus que sofra muitas modificações aumenta a possibilidade de ele adaptar-se e a vacina perder sua serventia.
VACINA PREVENTIVA
Drauzio – Há dois tipos de vacina contra o HIV: as preventivas e as terapêuticas. As preventivas são usadas nas pessoas não infectadas para que não adquiram o vírus e as terapêuticas, em quem já se infectou, com a finalidade de exaltar uma resposta imunológica mais eficaz. Essa vacina que vai ser testada é preventiva ou terapêutica?
Esper Kallás – O objetivo é preventivo. A vacina terapêutica pode até ser a mesma e há interesse em saber, por exemplo, se pacientes HIV-positivo, recebendo tratamento antirretroviral, ou seja, os remédios do coquetel, tomando essa vacina, não poderiam diminuir as doses ou parar de tomá-los por algum tempo. Essa é uma questão a ser respondida, mas não é o objetivo deste estudo que está voltado para o desenvolvimento da vacina para quem não foi infectado pelo HIV.
Trabalha-se com vacinas contra o HIV contando com duas possibilidades. Primeira é provar se a pessoa que recebeu a vacina tem o sistema imunológico fortalecido contra o vírus a ponto de barrar sua entrada, se houver contato com o de outra pessoa. Esse seria o efeito preventivo ideal.
Segunda possibilidade: a pessoa entrou em contato com o HIV, mas a vacina não conseguiu barrar sua entrada. Ele entra, mas não causa deficiência imunológica, ou, se a causa, o faz muito lentamente. Obviamente a atenuação ou o bloqueio da doença serão analisados em qualquer estudo que atinja a fase 3.
Drauzio – Nesse estudo, vocês esperam juntar quantos voluntários para participarem da fase um?
Esper Kallás – São 435 voluntários no mundo todo, 87 dos quais irão fazer parte do estudo em quatro centros da América Latina: um no Peru e três no Brasil. Em São Paulo, na UNIFESP (Universidade Federal do Estado de São Paulo) e no CRTA (Centro de Referencia e Treinamento em DST/AIDS), e no Rio de Janeiro, na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Não podemos ainda precisar o número de voluntários que nos caberá acompanhar, mas é uma fração desses 87.
Drauzio – Esses voluntários já estão inscritos?
Esper Kallás – Eles estão fazendo a inscrição via nossa página na internet no portal da escola: www.vacinashiv.unifesp.br
Drauzio – O que vocês esperam obter com esse estudo?
Esper Kallás – O objetivo principal é conseguir induzir uma resposta imunológica suficientemente forte para proteger a pessoa contra o HIV. Espera-se que seja tão forte que possamos percebê-la logo nas primeiras análises, o que abreviaria o tempo de decisão para iniciar a fase 2.
Quem lida com vacinas precisa ser otimista. Nesse campo de vacinas contra Aids, já enfrentamos muitas frustrações. São 20 anos de estudos e pesquisas que, em muitos casos, resultaram em fracasso. Recentemente, foram divulgados três trabalhos que não deram certo na fase 3. O problema é que a cada dia morrem de Aids milhares de pessoas. A epidemia afeta 14.000 pessoas por dia no mundo, sendo que 95% são infectadas em países em desenvolvimento ou muito pobres. Se por um lado o Brasil é um deles, por outro é um exemplo, porque há tratamento para todos os doentes. Em muitos países africanos, porém, esse é um sonho distante. Para dar uma idéia, em vários deles a renda per capita anual é de US$100,00 e o tratamento mais barato que existe atualmente custa por volta de US$250,00.
Drauzio – Você disse que o mais barato tratamento sai por US$250,00 anuais. Quando surgiram os antivirais, o tratamento custava US$12.000,00 por ano. O Brasil teve papel de destaque nessa queda de preços dos anitivirais.
Esper Kallás – Teve e continua tendo. O sucesso do programa brasileiro no tratamento da Aids é espelho para o mundo. Isso está patente não só nos congressos e nos textos publicados, mas nas ações. Por exemplo, a OMS tem procurado levar brasileiros
para Genebra a fim de colaborarem nos programas internacionais, inclusive nos programas para os países mais pobres.
Drauzio – Vou fazer uma pergunta que provavelmente está na cabeça de todas as pessoas. Você acredita que teremos uma vacina contra Aids em quanto tempo?
Esper Kallás – Eu me considero um otimista, mas tenho medo de dar uma data e criar falsas expectativas. Bill Clinton assegurou que em dez anos teríamos uma vacina contra a Aids. Passaram-se cinco e até agora não conseguimos. No entanto, temos que ser otimistas e acreditar que quanto mais rápido vier, melhor. Para atingir esse objetivo vamos fazer tudo o que pudermos.
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